Parece que foi ontem que a arte brasileira usufruia cotidianamente daqueles olhos enormes, talvez os mais expressivos que víamos no teatro, no cinema e na televisão.

No dia 20 de março fez 20 anos que Dina Sfat morreu, deixando órfãos os brasileiros que tanto a admiravam. 

Dina chegou a ser um ícone na arte de representar, sendo estrela de primeira grandeza tanto no teatro, como no cinema e na televisão. 

No teatro estreou profissionalmente no revolucionário Teatro de Arena, onde participou de peças emblemáticas como "O Filho do Cão", "Os Fuzis da Senhora Carrar", "Arena Conta Zumbi" (na qual ganhou prêmio de melhor atriz aos 26 anos) e atuou ao lado de Guarnieri, Lélia Abramo, Lima Duarte e Paulo José, que tornou-se parceiro profissional e marido.

Foi durante sua permanência no Arena que Dina estreou na televisão, veículo que a transformou numa das atrizes mais reconhecidas e admiradas, um ídolo popular.

Em 1966 faz, já como protagonista ao lado de Cacilda Becker e Luiz Gustavo, "Ciúme", na TV Tupi, interpretando uma jovem perseguida pela sogra (Cacilda) e logo em seguida  o papel título de "A Intrusa", de Geraldo Vietri, ao lado de Hélio Souto, um dos maiores galãs da época.  Passa para a TV Excelsior e estrela "Os Fantoches", um dos maiores sucessos de Ivani Ribeiro, ao lado de Paulo Goulart e Regina Duarte. 

Muda-se para o Rio de Janeiro, participa de vários filmes de sucesso como "Macunaíma", "A Culpa", "Edu Coração de Ouro" e entra na TV Rio em 1968, graças a amiga Leila Diniz e encarna a vilã em "Acorrentados", de Janete Clair, dirigida por Daniel Filho, ao lado de Leila Diniz, Leonardo Vilar e Betty Faria. 

No ano seguinte, Daniel promove uma mudança radical, talvez a grande revolução da história da telenovela,  na TV Globo, com "Véu de Noiva", ás 20h e poucos meses depois, com "Verão Vermelho", de Dias Gomes, iniciando às sagas das novelas das 10, e convida Dina para protagonizar ao lado de Jardel Filho e Paulo Goulart.

Com o monopólio da audiência da Globo, Dina torna-se conhecida em todo o Brasil, e torna-se uma atriz de primeira grandeza, e engravida de sua filha, Bel Kutner; emenda com "Assim na Terra Como no Céu", também de Dias, novela que marca a estréia do maior nome da Excelsior, Francisco Cuoco, na Globo.  Dina já é um dos principais nomes da Globo quando Janete Clair, eterna parceira, a convida para fazer "O Homem que Deve Morrer", ao lado de Tarcísio, Glória e Jardel, termina a novela engravidando de sua segunda filha, Ana Kutner. 

Em seguida, sem férias, conquista o Brasil definitivamente com a Fernanda de "Selva de Pedra", ganhando todos os prêmios de melhor atriz, e realmente, um belíssimo desempenho.

Finalmente tem uma pausa e volta em "Os Ossos do Barão" fazendo a neta do Barão (Paulo Gracindo), papel mais jovem que ela, ao lado de José Wilker.

Logo após retorna à Janete, numa das personagens mais queridas da obra de Janete, a Chica Martins, de "Fogo Sobre Terra". Com Chica, Dina se solta, e engravida de Clara, sua terceira filha fazendo uma caipira sensual e alegre, namorando os "irmãos" Juca de Oliveira e, mais uma vez, Jardel Filho. 

Dina retorna, fazendo uma participação nos 20 primeiros capítulos de "Gabriela", como a prostituta Zarolha, amante de Armando Bógus. Dentro do clima de interior do Brasil, faz em seguida outra prostituta, Risoleta, apaixonada pelo lobisomem Ary Fontoura, em "Saramandaia", primeira novela com realismo fantástico.

Retorna à Janete, em "O Astro", protagonista ao lado de Cuoco, a polêmica Paloma de Os Gigantes", de Lauro César Muniz, onde sua personagem pratica a eutanásia e suicida-se no final, mesmo sendo a protagonista absoluta.

Faz parte da última novela de Janete Clair, "Eu Prometo", ao lado de Cuoco, a minissérie “Rabo de Saia", com Ney Latorraca, e afasta-se um tempo longo da Tv, fazendo muito teatro ("Hedda Glabler", "As Criadas", "A Irresistível Aventura"), e cinema ("O Homem do Pau Brasil", "Das Tripas Coração", "O Judeu") e só volta às novelas em "Bebê a Bordo", com Tony Ramos e Ary Fontoura, já doente, morrendo  pouco depois.

Dina Sfat é uma atriz realmente inesquecível e todos que a acompanharam não a esquecerão. Uma diva de verdade e com muito talento. Que a memória cultural de nosso país a engrandeça sempre.

Saudades.