Um fenômeno de comunicação


por Hermes Frederico
Matéria publicada na Revista Ponto TV do Jornal do Brasil, no dia 17 de dezembro de 2006.


Em 5 de fevereiro de 2007  o Brasil vive um dia de efeméride: sua namoradinha completa 60 anos! Dona de um carisma único, Regina Duarte é um fenômeno de comunicação a ser ainda elucidado por teses de mestrado e doutorado.Única atriz da TV Globo permanentemente protagonista, Regina encantou o público de imediato na sua primeira novela “A Deusa Vencida”, de Ivani Ribeiro, com direção de Walter Avancini na TV Excelsior. Vivendo Malu, uma jovem apaixonada por Tarcísio Meira, Regina era o alvo principal dos comentários do público, tão enamorado por sua doçura, seu jeito, seu olhar, sua forma de interpretar. Em seguida fez mais 5 novelas da maga Ivani Ribeiro: ”A Grande Viagem”, como Isabel, contracenando com Daniel Filho; “O Anjo Marcado”, onde interpretou sua única vilã, Lílian, ao lado de Geraldo Del Rey; “As Minas de Prata”, com a personagem Inezita, heroína do romance baseado em José de Alencar, com Fúlvio Stefanini; “Os Fantoches”, na qual era Beth, impagável adolescente de 13 anos, irmã de Dina Sfat; e “O Terceiro Pecado”, onde talvez o sentimento de namoradinha do Brasil tenha se consolidado, vivendo Carolina, a doce mocinha perseguida pela Morte, interpretada por Nathalia Timberg.O sucesso de “O Terceiro Pecado” a levaria fazer par com o maior astro da TV Excelsior, em “Legião dos Esquecidos”, de Raimundo Lopes, cuja personagem também se chamava Regina. Depois volta à Ivani com “Os Estranhos”, fazendo Melissa, uma extra-terrestre, ao lado de Pelé. Depois Ivani escreve para ela a personagem Pompom, que se traveste de homem em “Dez Vidas”, novela que conta a história da Inconfidência Mineira; mas com a crise financeira da Excelsior, deixa a novela , é substituída por Leila Diniz, e assina com a TV Globo.

“Véu de Noiva”, como Andréa, é um estouro nacional de audiência, e o início de uma parceria com Cláudio Marzo e uma outra maga, Janete Clair. Logo após, uma audiência ainda maior, “Irmãos Coragem”, vivendo a inesquecível Ritinha, novamente com Marzo e Janete, engravidando do seu primeiro filho durante as gravações. Regina e Marzo continuam juntos, saem de “Irmãos Coragem” e protagonizam “Minha Doce Namorada”, de Vicente Sesso, onde sua Patrícia institucionaliza o título de namoradinha do Brasil. Regina volta em “Selva de Pedra” onde interpreta Simone, e Francisco Cuoco de galã, na qual um feito nunca ocorrido, nem em Copa do Mundo, aconteceu: no capítulo em que Simone supostamente morre, 100% dos aparelhos de tv estavam ligados na novela. “Selva de Pedra” parou o Brasil. Regina descansa e volta às 7 da noite, como Cecília em Carinhoso de Lauro César Muniz, novamente com Cláudio Marzo; cenas em Nova York, sendo a novela de maior audiência do ano, superando a das 8 horas, “Cavalo de Aço”, época de sua segunda gravidez. Mais uma volta à Janete: ”Fogo sobre Terra”, com Juca de Oliveira, interpretando Bárbara, acometida de cegueira psicológica. Após a novela, Regina passa por uma transformação pessoal, investe em teatro, divorcia-se e deseja personagens mais contundentes. Voltando dois anos depois, às 22h, como Nina, a revolucionária professora dos anos 20, escrita por Walter George Durst, após gravar alguns capítulos de “Despedida de Casado”, vetada pela censura. Depois de Cláudio Marzo e Francisco Couco, uma outra química de casal surge com Antonio Fagundes em “Nina”. A namoradinha posiciona-se contra a ditadura militar e também faz declarações a mídia acerca da transformação da mulher naqueles anos. E surge “Malu Mulher”, cuja temática reflete a contemporaneidade feminina daquele momento. Após os dois anos de Malu, Regina volta às novelas nos papéis de Luana e Priscila, em “Sétimo Sentido”, com Cuoco, e um último encontro com Janete Clair. Depois da novela, um fato inusitado: Regina deixa a TV Globo e investe numa produção independente, “Joana”, seriado transmitido pela Tv Manchete e depois pelo SBT, o que poderia parecer o início de uma decadência logo se modifica e o destino lhe reserva uma reviravolta: Daniel Filho a convida para fazer a antológica Viúva Porcina de “Roque Santeiro”, na qual se supera artisticamente, arrebata o Brasil e um segundo grande feito, 98% dos aparelhos de tv ligados na novela num determinado capítulo. Sua irresistível comunicabilidade continua: a Raquel de “Vale Tudo”; a Maria do Carmo de “A Rainha da Sucata”; as Helenas de “História de Amor” e “Por Amor”; uma outra Andréa em “Desejo de Mulher”. Regina fez duas minisséries, “Chiquinha Gonzaga” e “Incidente em Antares”, a série “Retratos de Mulher” e o primeiro “Caso Especial” da Tv Globo, cuja história tinha este  título que deu origem ao programa, no qual Regina chegou a dirigir um deles, “A Cartomante”, com Renata Sorrah, e ainda interpretou “Dibuk” com José Wilker e Ítalo Rossi.

Atualmente é mais uma Helena de Manoel Carlos em “Páginas da Vida”, coincidentemente a maior média de audiência das últimas novelas do horário.
E o Brasil comemorará os 60 anos de Regina Duarte, mantendo-se fiel à sua eterna namorada.

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