BRAZILIAN LOUNGE e MART’NÁLIA
por Pedro Henrique Neves



"Brazilian Lounge, interessante produto de exportação

Produzida de olho no mercado externo, a compilação "Brazilian Lounge" (Putumayo World Music) reúne doze faixas que representam bem a sonoridade que se padronizou como a "música brasileira de exportação": mistura de bossa nova, com pitadas de samba e leve batida eletrônica.

Apesar da pasteurização na produção de algumas faixas, o CD é agradável e apresenta boas versões de clássicos como "Brigas nunca mais" e "Saudade fez um samba", nas vozes de Paula Morelenbaum e Marissa, respectivamente. Há, ainda, a simpática e mais conhecida "Meu esquema", do Mundo Livre S.A., e "Água de côco", com o veterano Marcos Valle, que vem de sólida carreira internacional.

No entanto, o melhor do disco fica a cargo do ótimo grupo Bossacucanova, que convida Adriana Calcanhotto em "Previsão", com letra da cantora e música do conjunto. Ao contrário do que se pensa, "Brazilian Lounge" não é mais um souvenir para turista ouvir, mas um pequeno exemplar da criatividade desta divulgada faceta música brasileira.

"Menino do Rio", Mart'nália renova sonoridade

Mais associada ao mundo do samba, Mart'nália gravou há três anos o ótimo "Pé do meu samba", com produção de Caetano Veloso. Embora não tenha tido o retorno comercial merecido, o álbum serviu para consolidar de vez a imagem da cantora entre um seleto grupo na MPB.

Depois de um CD ao vivo, ela lança "Menino do Rio", com produção de Maria Bethânia e um repertório bem diferente do habitual. A cantora mostra um recorte da cidade, com músicas de parceiros e amigos, como Ana Carolina (a bem-humorada "Cabide"), Zélia Duncan e Ana Costa ("Sem perdão a vida é triste") e "Nas águas de Amaralina", do pai, Martinho da Vila.

Despretensioso, o disco ganha força com os arranjos centrados no violão do maestro Jaime Alem, fiel escudeiro de Bethânia, e as irreverentes interpretações da cantora, como em "Casa um da Vila", do pouco lembrado Monsueto.


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