A COMPANHIA REGINA MIRANDA E ATORES BAILARINOS
por Marina Salomon



A COMPANHIA REGINA MIRANDA E ATORES BAILARINOS foi criada em 1980 pela coreógrafa Regina Miranda. Desde então a coreógrafa e os artistas de sua companhia vem desenvolvendo uma escrita cênica original, que reúne texto, música, artes visuais e, naturalmente, dança.

Embora Regina crie seus trabalhos com uma visão coreográfica, suas obras são difíceis de serem catalogadas apenas como dança. A forma cênica adquire um caráter híbrido que superpõe e entrelaça várias vozes autorais, incorpora citações e situações de outras obras, seqüências e movimentos de coreografias criadas anteriormente pela autora, reinterpretadas e recontextualizadas, e textos literários e coloquiais reunidos durante o processo de criação de cada espetáculo.

A singularidade do trabalho de REGINA MIRANDA E ATORES BAILARINOS foi evidente desde o primeiro espetáculo, Heliogábalo, o anarquista coroado (1980), que já reunia literatura, teatro, artes visuais e música, integrados pela dança.

Heliogábalo já representava uma declaração de intenções: a reunião de artistas como Luiz Áquila - cenário; Celeida Tostes - objetos de cena; Arnaldo Dias Baptista - música; Carlos Henrique Escobar - texto, transformou-se num espetáculo saudado pelo poeta Chacal: "... é de noite não há necessidade de nenhuma palavra. O dia é da palavra como a noite é da dança. Homens e mulheres se encantam, cúmplices do sagrado privilégio de viver. Eles são só esgares, gestos e risos. Precisávamos de um Heliogábalo para decretar o império do prazer."

Nesta linha de reunião das artes através da coreografia, um dos pontos culminantes do percurso da companhia foi a instalação coreográfica A DIVINA COMÉDIA (1991), que ocupou todos os espaços do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reunindo 32 artistas visuais cariocas e 146 artistas de teatro e dança, dirigidos por Regina Miranda e tendo os AtoresBailarinos como elos da encenação.

Além de inúmeras coreografias para palcos tradicionais, algumas instalações coreográficas também merecem destaque: "Tá com Fome? Não, tou com febre" - 1983 encenada num grande antiquário da Rua do Lavradio, área boêmia do Rio de Janeiro; "Desordem" - 1992 - que modificou o espaço cênico do Theatro Municipal, utilizando plataformas, algumas com mais de vinte metros, de onde bailarinos se lançavam em quedas e saltos vertiginosos; e "S.Thala" - 1993 - que ocupou dois andares da Fundição Progresso, com a presença de sessenta bailarinos fechados em vitrines e escombros de ferro.

A Companhia celebra esses 25 anos de trabalho contabilizando em sua carreira mais de 40 criações, numerosos prêmios nacionais e internacionais e um impressionante compromisso entre seus artistas, alguns deles com trajetórias artísticas absolutamente vinculadas à Companhia, como Marina Martins, José Paulo Correa, Luciana Bicalho, Marina Salomon, Adriana Bonfatti e Ana Bevilaqua que, junto à coreógrafa, desenvolveram um núcleo de criação integrado e maduro.

A coreógrafa Regina Miranda é também a diretora artística do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro e diretora do Laban/Bartenieff Institute of Movemente Studies, NY.


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