Nelson
Rodrigues, em certo momento de sua carreira, foi endeusado. Tudo o que ele fazia era, no mínimo, excepcional.
SABATO MAGALDI o examinava com rigor, mas com entusiasmo; já Pompeu de Souza era um adorador de Nelson Rodrigues, brigava
por ele.
Nesse mesmo tempo, havia uma parte da crítica
que perseguia Nelson, achava-o repetitivo, obsessivo, um colecionador
de frases.
Entre esses dois extremos e essas duas facções
existe o verdadeiro Nelson, o maior autor de teatro deste país:
"Vestido de noiva", "A mulher sem pecado", "Toda
nudez será castigada", "Boca de ouro", "A
falecida" e "Beijo no asfalto" são peças
que falam da grandeza dramática de Nelson. Fora a delícia
das histórias de "A vida como ela é" e até
de alguns romances, entre eles, "Engraçadinha"
e "O Casamento".
Mas mesmo nas peças menos boas, ou até mesmo nas ruins,
Nelson reaparece aqui e ali com uma invenção inesperada,
um achado dramático, uma frase que nunca mais será
esquecida.
Nelson, saudade aqui do intérprete, amigo
e admirador,
Sergio Britto
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