Falar
do espetáculo "Senhor das flores" é relembrar
o ditado popular que diz: "Aqui se faz, aqui se paga".
Essa obra de Vinícius Marques discute a ética nas
relações pessoais e questiona até que ponto
a felicidade de uns não ocasiona a infelicidade de outros.
Dirigida por Caco Ciocler, a peça é impactante, intensa
e provocante.
De
um lado um professor universitário, de outro um jovem rapaz.
O que eles têm em comum? A paixão pela mesma mulher,
Júlia, que faz com que o destino desses dois homens se cruze
e se torne tão semelhante. O que em princípio se apresenta
como a inconformidade do personagem Otto diante do abandono e da
traição de sua amada muda completamente de eixo quando,
seis anos depois, ele e o amante, Julien, choram a mesma morte.
Uma
das riquezas de "Senhor das Flores" é provocar
no público diferentes interpretações. O cenário
é um ponto forte da peça. Além disso, a bela
trilha sonora acompanha a intensidade de emoções dos
personagens e dos acontecimentos no espetáculo. A atuação
de Jonas Bloch é outro aspecto grandioso. O ator consegue
evidenciar com simplicidade toda a complexidade de sua personagem.
O texto
é carregado de poesia e humanidade. É simples, mas
profundo. Fala de pessoas comuns, que sofrem, amam, desejam, destroem.
Fala das perdas que temos que enfrentar na vida e da grande dor
que elas nos causam. Emociona, pois apresenta o humano tal como
ele é, com as qualidades e também os defeitos que
possui. Não se trata de um herói, mas de um homem
complexo, que traz dentro de si a bondade e a maldade, o amor e
também o ódio.
"Senhor
das flores" se apresenta como uma alternativa diante de
tantas peças que não fazem mais do que entreter o
espectador.
É um espetáculo reflexivo e poético que critica
a busca pela felicidade
a todo o custo e fala de perdas e ganhos, índole, moral e
ética.
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